O Trabalho Remoto como oportunidade para jovens em contexto de vulnerabilidade social
Através do projeto Isla Remota, eu e mais duas amigas fomos dar um workshop sobre Trabalho Remoto aos utentes duma Associação Social e Cultural na Gran Canaria.
Nós escolhemos colaborar com a TribArte, mais especificamente no seu projeto DandoconlaTecla, que se centra na formação de jovens que estão fora do circuito formativo, com diferentes ferramentas pessoais e digitais, que lhes permitam reintegrar-se novamente e procurar emprego. A ideia é então conectar com trabalhadores remotos e nómadas digitais, abrindo o véu para novas possibilidades de emprego remoto.
O projeto Isla Remota encantou-me desde o início, pela sua missão, até porque duma forma geral, vê-se muita carência social e tecnológica nas ilhas. Uma das coisas que me vim apercebendo é que é comum os jovens e a população em geral não saber falar Inglês e isso é um factor extremamente limitante nos dias de hoje, especialmente com a elevada taxa de desemprego jovem que existe na Gran Canaria.
Os nossos objetivos
O nosso objetivo neste evento foi o de passar a ideia de que para se ter um trabalho remoto, pela internet, não é necessário ter uma formação especializada em informática, que existem muitas atividades que se podem fazer online. Ao mesmo tempo que fomos passando a nossa visão de vida, que é rica em experiências com pessoas e culturas e, ao mesmo tempo, muito leve em termos materiais.Foi uma experiência de imenso valor para nós podermos conectar com os sonhos e ambições destes jovens, com o estilo de vida que procuram, com os seus desafios, e deixar ali um espaço em aberto para começar a desenhar este projeto de vida. O projeto de cada um.
Descrição da atividade
Descrevendo mais em pormenor a atividade, começámos com uma dinâmica que nos ajudou a mapear o lugar em que estes jovens se encontram em relação à profissão que querem ter no futuro, se já conhecem pessoas que estejam nessas profissões, que estilo de vida procuram, etc.A importância das experiências de educação não formal: o voluntariado
Falamos na importância das experiências de educação formal, como os cursos e a universidade, que nos abrem imenso a mente, mas neste contexto sobretudo focamo-nos na importância das experiências não formais, como por exemplo o voluntariado, de experimentar executar as tarefas inerentes à profissão que queremos desempenhar, porque só experimentando é que realmente sabemos como é o dia-a-dia de cada profissão.A importância de nos relacionarmos com pessoas que estão no lugar onde queremos chegar
Falamos ainda na importância das ligações, de falarmos com pessoas que têm experiências diferentes, que nos abrem a mente a novas realidades e perspetivas, e também da importância de nos entrusarmos nos meios onde queremos viver e participar. A melhor forma de nos tornarmos em algo que queremos é relacionarmo-nos com pessoas que são o que queremos ser. Muito mais facilmente iremos aprender com ela e tornarmo-nos como elas.Mapa dos sonhos e das dificuldades
Falamos muito de paixões, de vocações e profissões de sonho, mas também de dificuldades. Mapeamos a situação atual deste grupo e percebemos como o dinheiro é um entrave tão comum entre todos. E percebemos que existem duas opções: uma é pensar em formas de ganhar mais, outra é pensar em formas de gastar menos, renunciando muitas vezes ao consumismo que tantas vezes nos assalta.E questionámo-nos, ainda, sobre quanto dinheiro precisamos para concretizarmos os nossos sonhos. Será que o dinheiro é mesmo o maior limitador da nossa ação?
O Projeto de Vida
Deste mapeamento resultou um trabalho interessante que levaram para casa, com a sugestão agora de se juntarem novamente e se entreajudarem, para fazerem um projeto de vida. Pensando no objetivo final e nos pequenos passos a concretizar até lá.Conclusão da experiência
Eu confesso que adorei a experiência! Como sabem, no passado trabalhei durante vários anos com jovens em situação de vulnerabilidade social e voltar a fazê-lo compilando agora outras experiências que fui tendo ao longo dos anos é maravilhoso! É como se honrasse todo o caminho para trás e o integrasse numa só Raquel 🦋
Isto faz-me lembrar que muitas vezes colocamos demasiada pressão nos cursos e na profissão que queremos seguir, como se tivesse que ser para a vida toda, e esta etapa é apenas o início duma jornada de evolução a que nos propomos.
Para além disso, reunir pessoas com um objetivo em comum e trabalhar em grupo faz-me sentir como um peixinho na água. Adoro as sinergias que se criam quando trabalhamos em grupo, quando partilhamos experiências a partir da voz do nosso coração! A tendência para o individualismo e para a competição tem-nos dificultado tantas vezes a vida e nestes momentos percebo o poder de um grupo e a oportunidade que nos oferece de crescermos e irmos muito mais longe, juntos!
Grata à TribArte, Isla Remota e Talleres Palermo, às minhas colegas Sara Silva e Melody por este momento de crescimento coletivo 🙏Lê o feedback da TribArte sobre esta palestra.
Lista de recursos
No final facultamos uma lista de recursos online, desde artigos com exemplos de profissões remotas que se podem ter, a sites onde podem fazer cursos gratuitos online, e onde se podem encontrar oportunidades de trabalho remoto. Deixo-te aqui alguns exemplos desses recursos:Vídeo da Remote Portugal: O que fazem os nómadas digitais?
https://www.edx.org
https://www.udemy.com