outubro 09, 2021

O meu Caminho de Santiago a Finisterra

O meu Caminho de Santiago e Finisterra

Mais uma partida, mais um recomeço, mais um troço dos Caminhos de Santiago 🚶

Desta vez com a minha querida amiga Sara dos No Footprint Nomads.

Depois de ter feito o Caminho Português da Costa há cerca de um mês, venho completar a rota até ao fim do mundo, Finisterra. Começámos em Santiago de Compostela e seguimos o "curso do sol até aos confins da terra", Finisterra, conhecido como o fim do mundo, um lugar onde se acreditava que as almas ascendiam ao céu.

Bora lá para mais uma aventura e mais uns kms nos pés 👣👣


Sabe mais sobre a minha experiência pelo caminho português, bem como dicas para a tua preparação para o Caminho de Santiago, em O meu Caminho a Santiago de Compostela.



Diário de bordo:

Dia 1 - Santiago a Negreira (24 km)

Fomos de bus até Santiago de Compostela e antes de começar a caminhar fomos diretas ao Bar La Tita, comer a melhor tortilha de Santiago 😋

Não sou especialista em tortilhas, mas acho que o segredo está no ovo. Estava divinal!

Os meus roteiros têm sempre uma componente gastronómica, já que comer é uma das maravilhas da vida 😋😅

Levo o meu googlemaps aberto e próximo da hora do almoço vou pesquisar as tasquinhas com melhor pontuação e ver também que restaurantes fazem menu do peregrino. Aproveito e faço uma paragem maior ao almoço. 

Ao jantar como algo leve tipo sandes, que compro no supermercado, porque deitamo-nos cedo e não vale a pena encher o bandulho para ir dormir a seguir. Este é um dos pequenos hábitos que tenho que acho que me ajuda a dormir melhor e a não engordar.

Começamos então a primeira etapa em Santiago. Caminhamos cerca de 24km até Negreira.

Foi uma etapa com uma mistura de estrada de cimento e floresta, com algumas subidas.

Passamos por vilas muito bonitas, com casinhas em pedra, mas sem dúvida que a mais bonita de todas foi Ponte Maceira, com uma ponte antiga, capela, brasões e casas recuperadas a rigor. Esta vila é considerada como uma das mais bonitas de Espanha. Não sei se conhecem, mas existe uma associação com site chamada "los pueblos mas bonitos de espana" que destaca as vilas espanholas mais bonitas, segundo um conjunto de critérios que é revisto frequentemente. Vale muito a pena espreitar e fazer uma rota passando por estes pontos, porque são vilas lindíssimas!

Como começamos a caminhar só de tarde, já chegamos ao albergue ao final do dia. Por azar era feriado em Negreira, por isso não havia supermercados abertos e apenas alguns cafés e restaurantes. Comemos uma refeição leve e fomos para o albergue fazer a nossa rotina diária de chegada: tomar banho, lavar a roupa e fazer uma massagem aos pés.

Caminhamos durante o dia para sentirmos o privilégio que é ter um banho de água quente e fazer uma massagem aos pés. Depois de um dia de caminhada sabe tudo às mil maravilhas!

O tempo esteve maravilhoso e seguimos juntos para o segundo dia 😊👌


Dia 2 - Negreira a Lago (29,47km)

Começamos a caminhada tarde, porque queríamos ir ao supermercado logo de manhã e só abria às 9h30. Tomamos o pequeno almoço e marchamos.

O segundo dia foi bem mais puxado, com quase 30km de caminhada e cerca de 400m de desnível, mas muito bonito, especialmente os primeiros 10km. Muita natureza e monte e muita inspiração!

Eu e a Sara tivemos um grande momento de inspiração juntas, um insight que nos ajudou imenso a integrar várias peças da nossa vida que pareciam estar soltas e ali, no meio daquela natureza, fez-se luz e clarividência nos nossos caminhos da vida.

Abraçamo-nos, rimo-nos muito e filmamos o nosso insight, para não nos esquecermos do que descobrimos juntas.

Atrás de nós vinham duas peregrinas mais velhas, espanholas, da Corunha, e explicamos-lhes o que tinha acontecido. Elas responderam: "é disto que se trata o Caminho". Eu estava numa grande inspiração e foi o momento mais alto do meu dia 🥰

No primeiro dia conhecemos umas alemãs que estão a fazer o Caminho desde França e vão com mais de um mês a caminhar e à volta de 800km nas solas. Isto sim, é desafio! Uma delas é a primeira vez que está a fazer o Caminho. Grande estreia, hã?

No segundo dia conhecemos um italiano muito simpático, que veio do Caminho Primitivo e disse maravilhas! Acho que vai ser o meu próximo Caminho 😉

Mais para o final da nossa rota a paisagem mudou e ficou muito, mas muito rural, com imensas vacarias pequenas, umas placas antigas de albergues e do Caminho para Finisterra e pareceu que estávamos mesmo a caminhar para o fim do mundo. Místico!

Depois duma grande última subida no meio do monte, começamos a descer e encontramos o nosso albergue, mesmo junto a mais uma vacaria.

No segundo dia andei com as botas de montanha em vez das sapatilhas, porque esperava montanha e desnível, mas afinal não senti que fossem uma mais valia. Acho que vou voltar às sapatilhas, que apesar de serem foleiras são mais leves e flexíveis 😊


Dia 3 - Lago a Cee (26,28km) 👣

Apesar de normalmente o 3°dia ser o meu pior dia, desta vez foi um dia com várias surpresas e muita esperança.

O nosso albergue em Monte Aro era um edifício em pedra recuperado muito bonito, mesmo junto a uma vacaria. Como tinha cozinha, fizemos uma aveia improvisada com banana, chocolate preto e caju. Ficou top!

E começamos a caminhar bem cedinho.

O caminho passou por algumas aldeias, mas foi sobretudo pelo monte. Como sabíamos que os últimos 15km desta etapa iam ser só monte, sem serviços nem nada para comer, optamos por almoçar em Logoso, onde encontrei, por coincidência, uma pessoa que nos segue nas redes sociais por causa do autocaravanismo e que estava a fazer o Caminho na mesma altura que nós. Uma feliz coincidência, que nos permitiu conhecer-nos pessoalmente 🥰

Depois do almoço seguimos viagem sempre com muita natureza, e foi quando tivemos outra surpresa. Primeiro uma paisagem lindíssima com as montanhas e o rio e depois, quando olho para baixo, um pequeno santuário a homenagear pessoas que partiram. Nem por acaso era o aniversário de falecimento da minha mãe. Foi um momento muito bom ter ali aquele pequeno templo e poder participar dessa homenagem também com algo meu.

É um pouco também por isto que o Caminho é tão especial! É a sensação de que estamos juntos e conectados. O Caminho conecta-nos, mesmo com quem não conhecemos. Não se trata só da solidariedade entre as pessoas, mas é mais do que isso. É esta magia de que fazemos parte de algo muito maior do que nós!

A meio da tarde chegamos a um novo albergue, em Cee, já a menos de 15km do nosso destino, Finisterra.

Neste albergue temos um quarto só para nós, que maravilha! Sem termos que o dividir com mais 10 ou 15 pessoas, com uma cama "a sério" em vez do beliche, lençóis, uma varanda, roupeiro e com vista de mar. Um pequeno luxo para um peregrino!

Tomamos uma banhoca e fomos ao supermercado tratar de comprar material para o nosso jantar. Encontramos no supermercado uma empada vegana, com cogumelos, espinafres e pimentos que estava muito boa e trouxemos para comer no albergue.

Bem comidas e bem dormidas. Estávamos no paraíso!

Seguimos Caminho para o fim do mundo 👣🌸🦋



Dia 4 - Cee a Finisterra (20,53km) 👣 FIM

Começamos o dia em Cee, uma cidade costeira engraçada e fomos seguindo caminho pela costa. 

Passamos por pequenas cidades e vilas costeiras engraçadas, com um misto de pedra, montanha e mar. Vimos, inclusivamente, espigueiros em pedra. Uma mescla muito interessante! 

Este foi, sem sombra de dúvida, o Caminho mais bonito dos 3 Caminhos que já fiz (Inglês, Português da Costa e Finisterra).

E o tempo foi mesmo de encomenda para nós!

A uns 10km da chegada ao Cabo de Finisterra começamos a ver muitos peregrinos a caminharem. É engraçado como o estilo de peregrinos que encontramos neste Caminho foi muito diferente do que encontrei no Caminho Português da Costa, em Agosto. Em Agosto eram sobretudo estudantes e o ambiente às vezes era mais de fiesta em alguns albergues. Neste Caminho vimos pessoas mais da nossa idade e mais velhas, e senti um espírito mais de missão à nossa volta.

Como o meu foco é muito no desenvolvimento pessoal e não propriamente na religião, para mim, terminar o Caminho de Santiago em Finisterra foi mais impactante do que terminar em Santiago de Compostela. Terminar num cabo, no chamado fim do mundo e na costa da morte, tem uma simbologia enorme!

E mais do que chegar ao km 0, foi chegar àquele cenário, depois de toda esta viagem e ter ali uma oportunidade para parar e olhar para o horizonte naquele ambiente de infinitude e de paz. É como se tivéssemos realmente ido até ao fim do mundo e estivéssemos agora preparados para elevar a nossa alma aos céus, como diz a história.

Uma parte de mim senti-o pouco merecido, porque desta vez não sofri de todo. Não tive uma única bolha nos pés, nem me senti cansada. Apenas os pés doridos no final do 2°dia.

Também fizemos menos quilómetros desta vez. Quisemos ter tempo e energia para desfrutar dos lugares por onde íamos passando.

A conversa com a Sara também foi muito boa, com muitos insights e muita partilha e isso naturalmente também ajudou a que fizesse o Caminho sem grande esforço.

Não me interpretem mal, não gosto de penitências, mas a verdade é que passar mal pode trazer muita oportunidade de crescimento.

No entanto, nem toda a autossuperaçao é física. Há que ascender nas nossas ambições e sermos capazes também de nos desenvolvermos e autossuperarmos de outras formas. Inspirei-me ao longo do Caminho em caminhantes mais velhos e percebi que eles caminham mais devagar, mas com mais intenção e presença. E é interessante também esta forma de caminhar que, no fundo, é uma forma de viver a vida. Mais madura, talvez.

De facto o Caminho é muito único e é exatamente do tamanho daquilo que estamos prontos para lhe dar!


#caminofinisterra #caminhodesantiago #caminhodesantiagodecompostela #caminodesantiago

#viagenscomproposito #viagemcomproposito #desenvolvimentopessoal #autossuperacao


Beijinhos e abraços e sejam felizes!

Encontramo-nos na próxima história de desenvolvimento pessoal 😉

Raquel

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

Overtrail.com

outubro 07, 2021

Aldeia abandonada a 40km de Lisboa

Olá, bem-vindos!

A 40km de Lisboa fica a aldeia de Broas, uma aldeia abandonada há mais de 40 anos. Fomos visitá-la!

Como a aldeia não tem acesso de carro, tivemos que estacionar em Almorquim, a aldeia mais próxima, e caminhámos cerca de 25min por uma estrada de terra batida, com umas vistas muito bonitas!


A aldeia é pequena e está em ruínas, o que lhe dá um certo glamour.

Encontrámos uma grande árvore, com bancos de pedra, que nos pareceu ser o centro da aldeia. E sentámo-nos ali, naquele grande freixo, a ouvir a D. Maria das Dores contar como era a vida naquela aldeia. Esta senhora nasceu na aldeia de Broas, foi uma das últimas habitantes e foi, por isso mesmo, entrevistada pela TSF. Trouxemos o audio no telemóvel e ouvimo-la a contar a sua história, mesmo debaixo do freixo, que tanto falavam no audio.


Não sei se já tinhas feito isto? Ouvir alguém contar uma história, precisamente no lugar onde a ouves.

Aconselho a fazeres, porque é mágico! Senta-te lá e ouve a D. Maria das Dores em https://www.tsf.pt/sociedade/aldeias-abandonadas-as-portas-de-lisboa-10440198.html


A desertificação e o abandono das aldeias é um tema que me toca muito. Fracos acessos, agricultura pouco rentável e inexistência de qualquer serviço ou comércio têm sido algumas das razões pelas quais as pessoas abandonam as suas aldeias.


Fico sempre a imaginar como seria a vida naqueles tempos e como poderíamos voltar a ter vida naqueles lugares!

O turismo tem sido uma saída, mas era bom que mais do que um "parque de diversões", ou um lugar de "consumo passivo", que fosse um lugar mesmo com vida, onde se recriasse a época histórica, conforme defende um arqueólogo de Trás os Montes, evitando que os lugares se transformem em "simples vestígios arqueológicos"...


Tenho pensado muito no conceito de "turismo de consumo passivo". Não sei se existe este termo ou não mas, tal como nos outros tipos de consumo, o turismo também pode ser vivenciado de várias formas. Umas mais participativas e outras menos. Umas que promovem realmente a vida local, outras que promovem a destruição do património cultural e o ambiente. Tudo depende da forma como a consumimos.


Assiste ao vídeo que fiz da Aldeia de Broas:


Se gostas de aldeias abandonadas, aconselho-te a assistires o vídeo que fiz da aldeia de Safira, uma outra aldeia abandonada que gostei muito de visitar! Aos meus olhos mais mágica ainda, porque tem uma igreja antiga e porque não se vê nenhuma casa à volta. Parece que estamos num mundo encantado...


Beijinhos e abraços e encontramo-nos na próxima história! 

Raquel 

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter 

https://overtrail.com

outubro 04, 2021

Um casal e uma autocaravana, Umundu Lx

Olá, bem-vindos! 

No passado domingo dia 3 de Outubro, fomos dar duas palestras com o título "Um casal e uma autocaravana, rumo a um novo paradigma" 👫🌎🚐 

Houve uma sessão de manhã e outra sessão à tarde, incorporadas no Festival Umundu Lx.



Apresentação do Festival Umundu Lx

Este festival é gratuito e contou com cerca de 90 eventos ligados à sustentabilidade, ao consumo e vida mais conscientes.

Começou como uma iniciativa de cidadãos que sentiram a necessidade de criar uma plataforma de encontro, troca de ideias e de visões para uma sociedade mais sustentável, mais cuidadora e regeneradora dos ecossistemas planetários dos quais dependemos. Este festival é então dedicado à reflexão sobre o nosso impacto na Terra e a importância de encontrar soluções para a transformação sustentável do modo de vida de cada pessoa e da sociedade no seu todo. 

Houve palestras, projeção de filmes, oficinas, visitas guiadas, exposições e atividades culturais.

A ideia é juntos remarmos para um paradigma mais sustentável 🌱


Programa do Festival Umundu Lx

O programa da 2ª edição do Festival Umundu Lx focou-se em 4 temas:

1. OUT: Afinal, o que é sustentabilidade?

2. OUT: Restauração de Ecossistemas

3. OUT: DIY - Do It Yourself (Faz tu mesmo)

4. OUT: Justiça social e ambiental


A nossa palestra e visita guiada

O domingo foi dedicado ao tema "Do It Yourself - Faz tu mesmo!" e o objetivo era motivar os participantes a tomarem iniciativa para encontrarem soluções e alternativas. Neste sentido, fomos partilhar a nossa história e como foi o processo de decidir criar as nossas próprias soluções e estilo de vida. Apesar de vivermos numa autocaravana, continuamos a ter um estilo de vida que consideramos saudável e a fazermos o nosso próprio pão, iogurte, desodorizante, etc. Na fotografia abaixo podem ver a iogurteira da YogurtNest que usamos para nos ajudar na confeção do iogurte e para levedar a massa do pão.

Aproveitámos a fazer uma visita guiada à nossa autocaravana e a responder a tantas questões que sempre nos colocam relativamente a este estilo de vida.




Comentários

Recebi comentários maravilhosos, como este:

"Olá querida Raquel, uma delícia conhecer-te! Apreciei muito a tua honestidade, e a liberdade com que falaste de coisas íntimas, como a vossa relação e como procuram soluções, sem pruridos desnecessários, e ao mesmo tempo, deram esperança realista a todos os que queriam saber como funciona afinal este modo de vida tão romântico sem deixar de ser exequível. Muito generoso da vossa parte!"


Pessoas que vieram à nossa palestra e que finalmente conhecemos pessoalmente

Neste evento tive o privilégio de finalmente conhecer pessoalmente a Sónia Justo, do blogue de viagens Lovely Lisbonner, que há tempos me fez uma entrevista online sobre a minha história de vida. Podes assistir a esse vídeo em "A tua vida cabe numa autocaravana? | Raquel Ribeiro & Sónia Justo | À Tona Episódio 3"


Conheci ainda uma pessoa que nos segue e que vê e comenta todas as nossas publicações sempre com muito entusiasmo. É mesmo um verdadeiro prazer poder conhecer de carne e osso pessoas tão próximas de nós, que viajam connosco cada passo da nossa vida!


Mais vídeos e informação

Caso queiras visitar virtualmente a nossa carrinha convertida em autocaravana, ou saber mais sobre a minha mudança de vida, podes assistir aos meus vídeos em:

Vídeo da Van Tour

Vídeo Como mudei de vida


Beijinhos e encontramo-nos na próxima história de viagens 😉


Raquel

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

Overtrail.com

Raquel Ribeiro. Com tecnologia do Blogger.