DIA 15 - Uma morte trágica...
Estive a uns centímetros da morte... Literalmente… Mas
alguém esteve mais perto do que eu...
Realmente não temos mesmo a noção de que a linha que nos
separa da vida e morte é muito ténue…
Logo de manhã fui fazer uma excursão ao sul da Ilha de S.
Tomé, passando pela Praia Jalé, um ecoresort, a Praia Piscina, a Praia
Pesqueira e à Roça de São João de Angolares, onde foi gravado o Programa
"Na Roça com os Tachos".
Acabou por se juntar um casal muito simpático, que eu tinha
conhecido na aventura do dia anterior no Ilhéu das Rolas (VER POST "
O fantástico imprevisto!)
Fomos os três mais o guia fazer esta excursão.
Quando estávamos sentados
a almoçar, uma árvore começou a ranger. Começamos a olhar uns para os outros,
quando o guia disse “é madeira!” e desatou a correr. Nesse momento gerou-se o
pânico e toda a gente desatou a correr. Eu fugi atrás dele e encolhi-me debaixo de uma mesa com as
mãos na cabeça. Depois do estrondo olhei para a nossa mesa e vi o senhor que
estava em frente a mim, na mesma mesa, ferido, preso num buraco. Um ramo
enorme, com diversos galhos, tinha caído por cima dele. Passado uma hora morreu
nos braços da mulher, a caminho do hospital. É inacreditável...
Incompreensível... Por segundos pensei que ia morrer e quando o pânico dá
tréguas vejo o senhor enfiado pelo chão dentro. Nunca vou esquecer esta imagem,
nem o apoio do guia e dos São Tomenses a socorrerem as pessoas.
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A mesa onde estávamos sentados... |
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Visto do lado oposto... |
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Este senhor, de 55 anos, fracturou uma perna, um braço, mas o problema foi o traumatismo craniano, que provocou hemorragia interna. Ele foi transferido para o Hospital Central de São Tomé, mas a meio da viagem já iniciaram a tentativa de reanimação. Foi horrível… |
As horas seguintes foram passadas ao lado da mulher dele,
Portuguesa, que tinha acabado de perder o marido numas férias em São Tomé..
Nunca vou esquecer aquele olhar desesperado. Parecia uma criança, ajoelhada aos
meus pés, a pedir que ele voltasse.
Nessa noite consegui descansar 3 horas, antes do meu voo de
regresso a Portugal. A minha missão naquele dia e noite eram com aquela senhora, que ficará para sempre no meu coração...
Gostava ainda de dizer que a senhora embaixadora foi de uma
correcção e dedicação extremas, assim como todas as pessoas do Hospital Central
de São Tomé. O guia que estava connosco teve uma intervenção extremamente
rápida e fundamental, bem como as pessoas locais.
Gostava também de dizer que estes acidentes ocorrem em
qualquer lugar do mundo...