março 20, 2020

Regresso inesperado a Portugal

Após vários dias numa ansiedade gigante, decidimos arriscar e voar para Portugal nesta altura de caos.
A decisão não foi nada fácil para mim. Há muitos fatores que me fazem querer ficar por cá enquanto a situação não estabiliza em todo o mundo: a probabilidade de ficarmos bloqueados num país pior, de apanharmos o virus, de contribuirmos para a sua propagação, de à chegada a Portugal nos depararmos com um país de quarentena que não reconhecemos, de termos que ficar de fechados quando aqui andamos a céu aberto, de calção e chinelo no pé. Por outro lado, não me consigo imaginar do outro lado do mundo pensando que o meu pai pode ficar doente.
Regressar sim, mas nunca sem a segurança de chegar ao destino, era o meu lema.


Tentei ouvir muitas vezes a voz do meu coração, mas com tanto ruído fica difícil saber o que é melhor fazer.
Sinto que um lado de mim pede a sensatez de ficar e saber esperar, do outro a minha razão e necessidade de controlo e culpa pedem-me para regressar.
Esclarecidos estes sentimentos dentro de mim, decidi que já que fizemos tudo para conseguirmos fazer esta viagem de regresso a Portugal, agora está na hora de confiar que é a decisão acertada do momento, funcione ela ou não da forma como gostaria.

Caso não consigamos sequer sair do Vietnam, voltaremos para trás em paz e alugaremos uma casa ao mês. Caso consigamos sair do Vietnam espero que consigamos chegar ao Dubai e seguir para Dublin. E em Dublin que consigamos apanhar o voo para Portugal. Se alguma destas etapas nos fizer parar no percurso ficaremos mais sábios e mais fortes e criaremos empatia e ligações fortes com pessoas por todo o mundo que estão a passar pelo mesmo. Será mais uma aventura nas nossas vidas, que nos enriquecerá como pessoas.
Há milhares de pessoas a sentirem o mesmo que nós, não estamos sozinhos.

Chega agora o momento de entregar nas mãos dos nossos deuses, desejando que tudo nos corra pelo melhor.

Amanhã ao final da tarde estaremos a aterrar em Portugal se Deus quiser 🙏


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Raquel Ribeiro. Com tecnologia do Blogger.