DIA 3 - Tamera Click!!
Hello from Tamera!!!!
Antes de mais, muito obrigada pelas vossas respostas! É bom sentir que estamos em
contacto :)
Bom, este dia foi muito muito especial!
Estamos naquele ponto em que começamos a fazer amizades...
Hoje começámos por trabalhar de manhã, mas hoje fui trabalhar no projecto dos animais. Fui com a Esther, que costuma dar comida e água a
alguns animais fora de Tamera. São donos de quintas que colocam cães acorrentados
na rua, nem sequer dentro das propriedades, não sei bem com que intuito. Alguns
dizem que é para as cabras não passarem para o outro lado da rua, mas não percebo muito bem... Deixam os animais ali acorrentados, na maioria das vezes sem água nem comida, e às vezes sem sombra. Afecto nem vê-lo, porque não passa ninguém naqueles
sítios... Para além disso, estão cheios de pulgas e carraças. Têm
feridas que nunca mais curam, porque ninguém trata e as moscas e outros bichos
infectam aquilo bastante. Vi um que tem a orelha aberta, com um buraco. Acho que já
não tem cicatrização... Em Tamera existe uma veterinária que dá apoio a algumas
destas situações mais graves.
Para além deste projecto de cuidados aos animais e sensibilização aos
donos dos cães ( que é muito difícil), ainda há um projecto com os cavalos, mas
esse é mais difícil eu chegar, porque segundo o que me disseram é uma coisa
mais de um trabalho com a alma dos cavalos e das pessoas e são necessários
vários dias para conseguir ter esse contacto. Bem eu pedi, mas não me garantiram
que fosse possível ter contacto com eles...
Depois do almoço fui à praia! Beach!!!!! Fui a V. N. de Mil Fontes com uma
colega com quem tenho passado bastante tempo, a Elena. Ela dorme na minha tenda
comunitária. É italiana e professora de física nas escolas profissionais, de
electrónica, penso. Dá aulas a rapazes do secundário, com bastantes
problemas sociais. Perdemo-nos imensas vezes na viagem e quando estávamos a chegar a Tamera perdemo-nos novamente no meio dos caminhos de terra batida e não havia ninguém para
perguntar... Ela pensou que íamos dormir no monte... Bom, foi uma aventura! :)
Tomámos banho na praia, voltámos e às 20h30 tivemos uma aula de biodanza oferecida por uma colega alemã, que vive em Espanha. Foi muito bom!
Abraçamo-nos à grande, dançamos imensos movimentos esquisitos e foi muito libertador.
Agora que estão cerca de 28ºC penso que já será possível tomar banho
sem sair a suar que nem um porquito... É assim que vivemos cá: 40ºC de dia e 30ºC de
noite... É a única altura que podemos descansar do sol...
Amanha vou trabalhar na cozinha com a italiana, porque necessitam ajuda. Pode ser
que dê para aprender um pouco mais sobre as receitas vegan :) No outro dia
ofereci-me para lavar a louça no final do jantar, porque não havia gente suficiente e
vi um rato a passar no armazém de comida e perguntei a uma rapariga do Peru, que trabalha cá, se havia algum problema por o rato estar ali. E ela disse-me que não.
Que os deixam estar, porque os ratos são nossos amigos... ;)
E de tarde temos sempre dinâmicas de grupo, ou alguma explicação sobre a
eco-aldeia, para ficarmos a perceber melhor como cá vivem e quais as
tecnologias que utilizam.
Quanto ao grupo das colheitas, somos uns 25 talvez, mas também estão algumas
pessoas de Tamera. Existem 4 da Corea Sul, 3 Portugal, 1 Italia, vários Alemanha,
2 Australia (que já me ofereceram estadia nas suas casas :)), 1 Nova Zelândia, e outros que não me lembro. Eles ficam muito satisfeitos quando existem portugueses no grupo, porque pelos
vistos existem poucos portugueses a virem cá. Tamera é mais conhecido lá
fora...
Gosto muito a onda free love deles. Estive a tentar perceber melhor o que quer dizer
free lovers e é o que eu tinha pensado mais ou menos: uma pessoa pode ser free
lover e ser monogâmica ou não, ou ser homossexual, etc. Eles acreditam que o que desgasta as relações é as pessoas ocultarem
certos sentimentos que julgam não serem bons e que são censurados. Isso irá destruir
as relações. Então eles acham que os casais podem conversar sobre atracções que tenham em relação a outras pessoas e que podem ganhar com isso. Até porque eles
consideram esse tipo de atracções normais. Depois o que cada casal decide fazer
com essa atracção é entre eles. Mas o free love é definido pela
abertura de mente e sobretudo pela ausência de sentimentos de ciúme e de poder
nas relações. Eu posso amar alguém, mas amo-o em toda a
sua dimensão, como um ser externo a mim, que tem as suas limitações e as suas
necessidades. Isso tem que ser respeitado, acima de tudo.
Realmente nós amamos o que conhecemos e não o que não conhecemos. Quando dizemos que amaríamos aquela pessoa se ela não tivesse esta ou aquela característica, de facto não o sabemos. Porque ela é
um todo e se a amamos agora, amamos o "pacote". Não sabemos como seria aquela
pessoa sem aquela característica, porque é a sua história que determina essa
característica... Bom, isto eu li num livro. Não é de Tamera, mas acho que tem tudo a ver ;)
Eu quero aprender mais esta coisa de não ter expectativas relativamente às outras
pessoas. Se repararmos bem, isso parece minar toda a relação. No outro dia
estava a ler, about free love, que num dia um homem oferece-nos uma chávena de
chá e nós ficamos encantadas. "É este o nosso homem! É tão
querido!!!!" No dia a seguir ele não oferece a chávena de chá e nós pensamos
"Porque é que ele não se lembrou? Será que ele já não gosta de mim?" No dia seguinte perguntamos-lhe se ele ainda gosta de nós e ele fica nervoso, não sabe o que responder, não percebe a ligação entre a chávena de chá e o amor e começa a pressão. Ele diz
que nos ama, mas sente-se pressionado. A relação começa a ser minada... Quem não viveu já esta situação? Todos os dias cobramos expectativas nossas às outras
pessoas.
Bem, estou inspirada... Tamera convida à inspiração! Soube bem ter este momento de inspiração. Obrigada por o lerem. Espero que vos inspire também ;)
Um beijinho muito grande a todos e acima de tudo sejam felizes :)
Conhecer melhor o projeto: TAMERA
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