DIA 11 - Momento Único: a Catarse
Naquele cenário maravilhoso deu-se a catarse. Não consegui
evitar começar a chorar sem parar. Era ali que eu precisava de aliviar toda a tensão,
tudo aquilo que queria contar e partilhar, mas que parecia não ter havido
oportunidade até então. Era ali o momento seguro para o fazer. Encontrar-me era
umas das razões pelas quais vim para São Tomé e agradeci muito o facto de ter
tido aquele momento para o conseguir fazer.
Cáritas |
A manhã começou logo com chuva e vento intensos, mas a
partir das 10h00 começou a abrandar e saí para a rua. Andei cerca de 1 hora
para encontrar o Orfanato que está associado ao Frei Fernando Ventura -
Cáritas. Na Cáritas entreguei alguns livros infantis da Manuela
Mota Ribeiro.
Depois as voluntárias dos LPD (Leigos para o
Desenvolvimento) vieram buscar-me ao Hotel para ir almoçar com elas. Antes do
almoço fizemos a oração numa espécie de Capela que elas criaram em casa,
lindíssima. É apenas uma sala, com bambu no chão e umas almofadas, velas e
frases escritas na parede. Simplesmente lindo… E foi neste cenário que
cantamos, rezamos e no final partilhamos o que uma frase nos sugeria. Tudo
aquilo que tenho visto e sentido cá tem sido muito intenso e como vim sozinha
tem havido pouca oportunidade para partilhar. E voltar àquele
silêncio da paz na oração fez-me estar comigo novamente. Nem de propósito, a
frase que me calhou falava em encontrar-nos a nós próprios e o que era
necessário para que isso acontecesse. Naquele cenário maravilhoso deu-se a catarse.
Não consegui evitar começar a chorar sem parar. Era ali que eu precisava de
aliviar toda a tensão, tudo aquilo que queria contar e partilhar, mas que
parecia não ter havido oportunidade até então. Era ali o momento seguro para o
fazer. Encontrar-me era umas das razões pelas quais vim para São Tomé e
agradeci muito o facto de ter tido aquele momento para o conseguir fazer. E
senti-me feliz e em paz. As orações têm esse efeito em mim. Adoro estar no
silêncio, mas quando o faço com outras pessoas a energia torna-se
gigantesca. É muito esclarecedor. Depois, as orações têm esta regra maravilhosa que se sente
quando se vai a um psicólogo: “despimo-nos” dos nossos medos se assim o
entendermos, toda a gente nos vê, vemos os outros, voltamos a “vestir” as
nossas máscaras e o que aconteceu ali fica lá. É uma sensação de muita
segurança que se sente, mesmo com pessoas que não se conhece. Porque naquele
espaço tudo pode acontecer e não há censura. E acima de tudo somos todos
iguais, feitos do mesmo…
Foi, sem dúvida, um dos momentos mais importantes e inesquecíveis
desta viagem.
Depois de falar com as voluntárias reacendi todo aquele
desejo de partir em missão que já acontecia mesmo antes das formações de voluntariado que fiz em 2009. Elas incentivaram-me a pensar nisso. Senti um
cheio, aquele cheio que sentimos quando nos encontramos no nosso caminho. E
depois de me despedir delas atravessei a cidade como se fosse a minha cidade,
onde me sinto confortável e estou segura de que nada de mal poderá acontecer.
Foi uma sensação muito boa. No meio disto tudo encontrei a Petiza, a menina q
está nas Irmãs em Neves, que ía apanhar o Hiace ( carrinha de passageiros) para
casa. Falamos um bocadinho. Depois encontrei o Arlindo, o motorista, noutra
carrinha. E senti-me em casa.
Cidade de S. Tomé |
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