O meu Detox Digital na Offline Portugal
Olá, bem-vindos! Escrevi este artigo para partilhar a minha experiência como participante e como voluntária num retiro de Digital Detox com a Offline Portugal, num local remoto em Aljezur, no sul de Portugal. Uma experiência de uma semana sem internet nem telemóvel, a fazer atividades como Yoga, Meditação, Surf, Música e Oficinas Artísticas e de Autodesenvolvimento, utilizando ferramentas que nos ajudam a desligar a nossa mente e a focarmo-nos no presente.
Neste artigo vou partilhar:
- Como conheci e o que é o Movimento Offline Portugal
- Por que decidi fazer um Detox Digital
- Como me candidatei ao voluntariado
- A Offline Portugal como uma experiência e não um retiro
- Como foi a minha experiência como participante e como voluntária
- Os meus melhores momentos
- Os meus piores momentos
- O que aprendi com esta experiência Offline
- Pós Offline Detox Digital: Impactos em mim e na minha rotina
- Pós Offline Detox Digital: Regressamos a casa e agora volta tudo ao "normal"?
- Material educativo para o bem-estar digital
1. Como conheci e o que é o Movimento Offline Portugal
Soube da Offline Portugal há uns meses, através da minha amiga Cristina Leite do projeto O meu poema para ti, e achei muito interessante o conceito, porque já vinha a sentir a necessidade de desligar das redes e da internet duma forma geral, de vez em quando.
A Offline Portugal é um movimento de consciência que convida à desconexão da tecnologia para a conexão connosco, com os outros e com a natureza. A Bárbara, fundadora deste projeto em Portugal, desenhou uma experiência para vivenciar este conceito e proporcionar uma semana sem telefones nem internet, com diferentes atividades e ferramentas que nos ajudam a desligar a nossa mente e a focarmo-nos no presente, expandido assim a nossa criatividade.
2. Por que decidi fazer um Detox Digital
Após 4 anos a trabalhar online, sem fins de semana nem férias, a viver em 9m2 de autocaravana com o meu companheiro de vida e de trabalho, este ano decidi que era mesmo importante incorporar no meu programa anual fazer um retiro em que me desligasse da internet e do mundo lá fora e conectar-me apenas com o meu mundo interior. Já há muito tempo que não fazia uma experiência destas e de facto é importante para que possamos parar com hábitos e padrões menos positivos que se instalam no nosso dia-a-dia e nos consomem a nossa energia.
Sentia-me viciada nas redes sociais e nunca me conseguia desligar, sentir aquele sossego de estar no fim do mundo. Estranho, não é? Porque as pessoas imaginam sempre uma vida em imensa liberdade numa autocaravana, mas a verdade é que quando andamos com os computadores e a internet atrás a liberdade perde-se às vezes ali no meio... Amarras da nossa cabeça, sem dúvida, mas como a nossa cabeça comanda tudo o resto, temos que dar ouvidos ao que ela e o nosso corpo nos dizem... E de vez em quando é mesmo importante fazermos uma paragem, que pode ser um retiro ou uma experiência, para afastarmos as distrações e nos centrarmos apenas no essencial.
Foi então quando decidi participar nesta Experiência Offline em Portugal, como um Detox Digital pessoal e também com vista a uma potencial parceria com o nosso projeto Pure Portugal Holidays, na secção de retiros e experiências. Achei que a melhor forma de o fazer seria numa colaboração de voluntariado, já que me iria permitir participar no retiro gratuitamente, por um lado, e por outro iria dar-me uma perspetiva mais aprofundada dessa possível colaboração.
3. Como me candidatei ao voluntariado
Não sabia se a Bárbara aceitava voluntários nos retiros e experiências de detox digital, mas enviei-lhe um email a explicar-lhe as minhas motivações, as razões pessoais e profissionais que me levavam a procurar um retiro deste género e propus ajudar naquilo que ela precisasse em troca da participação no retiro. A resposta foi rápida e muito positiva! A Bárbara estava mesmo a precisar de ajuda, porque as pessoas que a tinham ajudado noutras ocasiões estavam fora de Portugal e com a pandemia que vivemos do vírus Covid-19 não tinham possibilidade de vir ajuda-la. Então fui para a quinta um dia antes do retiro, para receber algumas orientações do que ia fazer, e saí um dia depois, para ajudar a fazer a limpeza e organização dos espaços e para fazermos a nossa revisão em equipa de como foi a experiência.
4. A Offline Portugal como uma experiência e não um retiro
Eu imaginava um retiro como os que tinha feito anteriormente, mas de facto o que nos é proporcionado aqui é uma experiência e por isso pode ser adequada a um público mais alargado, que no fundo pretende um espaço para se reconectar e se desenvolver como pessoa, mas que não tem que estar familiarizado com o yoga ou com outras práticas mais espirituais, e que pode combinar com férias na praia. Assim sendo, cada um entregará a esta experiência o nível de profundidade que quiser obter no final.
Durante a nossa semana tivemos atividades como: Yoga, Meditação, Caminhada, Música e Dança, Journaling, Workshop de Geometria Sagrada, sessões de Coaching e Jam session. Nos tempos livres cada um decidia o que queria fazer: uma caminhada na natureza, ler um dos livros da biblioteca, escrever, desenhar, apanhar sol, ou mesmo ir à praia.
5. Como foi a minha experiência como participante e como voluntária
A Rotina e as Tarefas
A Equipa
Voluntária versus Participante
Sinto que a minha motivação pessoal, o meu trabalho de desenvolvimento pessoal e a minha mudança de vida anteriores proporcionaram uma colaboração extremamente rica e senti que consegui dar suporte a vários níveis e que contribui, ao mesmo tempo, para a minha transformação pessoal e para uma transformação mais coletiva. E isso realiza-me imenso!
6. Os meus melhores momentos
Journaling
A Viagem Sonora
Num dos finais de tarde ouvimos juntos o álbum "Internal Flight" dos Estas Tonne e foi uma viagem absolutamente libertadora! Esta peça de 60min tem partes mais altas e baixas, com vibrações diferentes que provocam estados e sensações diferentes na nossa mente. Chorei praticamente o tempo todo, numa mistura de sentimentos de aflição, vulnerabilidade, libertação, gratidão e amor. Foi uma das melhores viagens que fiz sentada e lembrou-me de como a música pode ser tão libertadora e terapêutica!
Música, Mantras e Improvisação vocal
Desde pequena que gosto de cantar. Frequentei 2 anos o conservatório de música nas aulas de piano, mas depois desisti, porque sentia que era demasiado clássico e solitário. Hoje vejo a música de uma forma mais artística e terapêutica. Uma ferramenta que une as pessoas num círculo, que as permite brincar e comunicar umas com as outras, chorar, libertar emoções, criar. A Bárbara, a Eva e o Manuel, são grandes fãs da música, por isso tivemos ali logo uma conexão muito forte. Não sabia disto e não ia a contar, mas foi uma agradável surpresa relembrar a minha paixão pela música e em especial pelo canto e pela improvisação. Cantámos várias vezes em círculo e de cada vez que cantávamos o meu coração carregava-se de energia! Já não me lembrava da última vez que cantei em círculo, mas talvez tenha sido mesmo quando estive a trabalhar na comunidade do Vale da Lama, também uma experiência inesquecível...
Cantar proporciona-me uma conexão comigo própria e com as pessoas que estão à minha volta de uma forma que é impossível fazer-se a falar. É uma outra forma de ligação mais criativa e harmoniosa, que nos faz sentir que de facto somos todos um... 🎵
A avozinha à volta dos tachos
Um dos participantes do retiro pediu-me uma sobremesa específica para a última noite, o que me fez encher de brio e de vontade de satisfazer o desejo! Quando estava a fazer a tal sobremesa, juntaram-se à minha volta para ver e ajudar a fazer e eu estava com aquele brilho nos olhos e cheia de gosto a dizer que isto ia ficar muito bom, etc. E foi quando alguém me disse que eu parecia a avozinha à volta dos tachos com os seus netinhos. E era de facto assim que eu me sentia: uma avozinha a fazer a sobremesa preferida dos seus meninos... Foi um dos melhores momentos, porque percebi o quão para mim é importante servir, independentemente da tarefa a que me proponho fazer. E percebi que tenho vindo a explorar diferentes formas de expressar este amor que tenho para dar, sempre com o objetivo de reunir as pessoas e de promover a harmonia.
O regresso ao ventre da minha mãe
No final duma meditação ativa que fizemos estávamos ofegantes, porque tínhamos estado a fazer uma dança durante vários minutos. A Bárbara sugeriu deitarmo-nos de barriga para baixo e ouvirmos o nosso coração. Era de manhã e o sol estava a bater diretamente no nosso corpo. Fechei os olhos e via uma cor alaranjada do sol, ouvia o meu coração e, de repente, começou a dar uma música com uma mulher a cantar a solo, que parecia embalar-me. Eu estava ali, quente, dentro da barriga da minha mãe e ela estava a cantar-me uma música de embalar. Foi um momento simplesmente maravilhoso!
7. Os meus piores momentos
Não tive propriamente momentos maus durante esta experiência à exceção dos pensamentos menos positivos que por vezes me assombram e não me deixam viver a experiência no seu maior potencial e no presente. Refiro-me a inseguranças, crenças sobre aquilo que somos ou que deveríamos ser e pensamentos duma forma geral que nos desviam do momento presente.
Em termos de programa, a Ecstatic Dance foi a atividade que menos vibrou comigo. Não consegui libertar-me através da dança como consegui através da viagem sonora ou do canto, da música, ou do yoga e por isso gostei da experiência, mas não desfrutei com a mesma profundidade. Mas é assim mesmo, há imensas atividades e ferramentas que servem para nos ajudar a focarmos mais no presente e uma Experiência Offline destas pode abrir-nos as portas para outras formas que desconhecíamos e que também vibram connosco, outras que não vibram tanto. E às vezes não vibram à primeira, temos que experimentar várias vezes e em diferentes contextos. Lembro-me que com o yoga foi assim e agora é uma prática que preciso de ter diariamente e não há nada que a substitua!
8. O que aprendi com esta experiência Offline
Lá fora tudo se mantém igual e não perdi nada
É preciso desconectar para nos conectar à criatividade
A minha companhia dá-me entretenimento sem fim
Ser voluntária e participante proporciona uma experiência de desenvolvimento pessoal ainda mais rica
Tudo se resume ao amor
Saí desta experiência a sentir que de facto o nosso trabalho / colaboração em cada coisa que fazemos é uma manifestação de amor, por isso é mesmo importante que façamos algo que gostamos e sobretudo que esteja alinhado com os nossos princípios, valores e causas.
9. Pós Offline Detox Digital: impactos em mim e na minha rotina
Rotinas Detox Digital
Durante a semana da experiência peguei num livro da biblioteca da Offline Portugal sobre Detox Digital, que dá várias dicas de hábitos que podemos instalar na nossa rotina, com vista a estarmos mais presentes no momento e a desconectarmo-nos mais da internet. Peguei em várias dicas do livro e incorporei-as na minha rotina habitual que já tenho. Como exemplo, fiz uma revisão às notificações das redes sociais e emails e passei a ligar a internet no telemóvel só quando preciso de aceder ao aparelho. De resto está dentro duma caixa para que eu não o veja, nem veja as luzes das notificações a piscarem 😉
Experiências e retiros mais regulares
Estas experiências de transformação pessoal em comunidade fazem-me sempre sentir mais calma, mais compreensiva e mais conectada com a minha energia feminina. E mais humilde porque estamos todos em processo, a aprendermos uns com os outros.
Tentarei certificar-me que incluo o Yoga, a Escrita, a Música, a Comunidade e eventos de Transformação Pessoal nas minhas prioridades, para que não fique demasiado tempo sem estas fontes de alimentação pessoal.
10. Pós Offline Detox Digital: Regressamos a casa e agora volta tudo ao "normal"?
Depois de terminada a Experiência, a nossa equipa foi passar a tarde junta, na praia, e pudemos conversar e integrar a experiência de cada uma: pensar no que correu bem e no que poderia ter sido melhor. A Jasmine já não estava em Portugal nessa altura, mas fui eu, a Bárbara e a Eva. Acho sempre tão importante este momento como toda a viagem da experiência. Para que serve vivermos a experiência se não a integrarmos depois na nossa vida?
INLINE Home Design
Multidisciplinaridade na abordagem
11. Material educativo para o bem-estar digital
Este tema ainda não é muito falado em Portugal, porque aqui ainda estamos a descobrir o trabalho online ou o teletrabalho, mas já é uma realidade presente para muita gente no mundo inteiro. Tem imensas vantagens, mas também tem perigos inerentes que são importantes de serem tidos em conta. Tal como aprendemos a desempenhar as nossas profissões, também devemos aprender a trabalhar online ou remotamente. É uma forma de viver e trabalhar que não é para toda a gente e é preciso aprender a gerirmos o tempo e espaço na nossa vida. Nunca nos ensinaram isso, assim como nunca nos ensinaram a respirar, mas são das aprendizagens mais importantes que podemos fazer por nós e pela nossa saúde mental e física!
No canal de Youtube da Offline Portugal podem ver vários vídeos sobre o tema e conhecer um pouco mais do trabalho da Bárbara. Eu aconselharia o video Digital Welness in Times of Crises se tiverem interesse em saber mais sobre o conceito da Offline. Neste video a Bárbara conta o seu percurso e relação com a tecnologia desde os seus 15 anos.
Também achei muito interessante a entrevista no podcast Kológica da Atriz Vera Kolodzig sobre o digital detox.
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